segunda-feira, 7 de abril de 2008

CARTA DE CHE A FIDEL CASTRO

HASTA LA VITÓRIA SIEMPRE!

Após ter sido nomeado embaixador, presidente do Banco Nacional de logo em seguida ministro da Industria de Cuba, Ernesto Che Guevara retorna às guerrilhas empolgado pela bem-sucedida ação militar que levou Fidel Castro ao poder em janeiro de 1959. Seis anos depois ele deixa o País para propagar os ideais de Revolução Cubana. Luta no Congo - sem sucesso- e resolve ir para a Bolívia, onde tenta estabelecer uma base, visando uma unificação dos países da América Latina. Nesse ínterim, Fidel é pressionado pelo povo cubano a dar notícias sobre o paradeiro do companheiro. Então resolve ler no dia 4 de outubro de 1965 a carta de despedida deixada pelo amigo. No documento, dias antes de seu assassinato pelo exército boliviano, ficaria eternizada a frase “hasta la vitória siempre!”

“Fidel, neste momento lembro-me de muitas coisas de quando o conheci no México, na casa de Maria Antonia, quando me propôs juntar-me a você; de todas as tensões causadas pelos preparartivos. Um dia vieram me perguntar quem devia ser notificado em caso de morte e a possibilidade real desse fato causou um impacto. Mais tarde, soubemos que era verdade, que numa revolução se vence ou se morre(se ela for autêntica).

Atualmente, tudo tem um tom menos dramático, porque somos mais maduros. Mas o fato se repete. Sinto que cumpri com a parte do meu dever que me prendia à Revolução Cubana em território e me despeço de você, do seu povo, que agora é meu.

Renuncio formalmente a meus cargos no Partido, a meu posto de ministro, à minha patente de comandante e a minha cidadania cubana. Legalmente, nada me vincula a Cuba. (...).
Recordando minha vida pregressa, acho que trabalhei com suficiente integridade e dedicação para consolidar o triunfo revolucionário. Minha única deficiência grave foi não ter tido mais confiança em você desde os primeiros momentos na Sierra Maestra e não ter percebido com a devida rapidez suas qualidades de líder e de revolucionário.
Outras nações do mundo requerem meus modestos esforços eu posso fazer aquilo que lhe é vedado devido à sua responsabilidade à frente de Cuba, e chegou a hora de nos separarmos.
Quero que saiba que o faço com um mescla de alegria e pena. Deixo aqui minhas puras esperanças de construtor e os meus entes mais queridos. E deixo um povo que me recebeu com um filho. Isso fere uma parte do meu espírito. Carrego para novas frentes de batalhas a fé que meu espírito me ensinou, o espírito revolucionário do meu povo, a sensação de estar cumprindo com o mais sagrado dos deveres: lutar contra o imperialismo onde quer que seja. Isso me consola e mais do que cura as feridas mais profundas.
Declaro mais uma vez que eximo Cuba de qualquer responsabilidade, a não ser aquela que provém do seu exemplo. Se minha hora final me encontrar de baixo de outros céus, meu último pensamento será para o povo e especialmente para você(...). Não lamento em não deixar nada material para minha mulher e meus filhos. Estou feliz que seja assim. Nada peço para eles, pois o Estado os proverá com o suficiente para viver e para ter instrução(...).
Hasta la vitória siempre! Pátria Muerte! Abraço-o com todo meu fevor revolucionário”


Che.

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